Opinião
Bob Dylan: O Mensageiro do Tempo
Por Gustavo Jaccottet
Advogado
Bob Dylan, nascido como Robert Allen Zimmerman, lançou The Times They are a-changin há exatos 60 anos. Sem ter a intenção (porém com certeza a teve) é recebido pelos ouvintes como um mensageiro do tempo. Escreve sobre o porvir como um historiador o faz sobre o passado. Algo diferente, ousado e que o fez atemporal.
O single que poderia ser interpretado como um protesto ou um convite à reflexão sobre a dinâmica do tempo é o start na relação que o músico cria entre canções, poemas e crônicas. Multifacetado e com identidades ímpares, contudo todos eles, "quem quer que eles sejam", como já dizia, são apenas ele.
Três anos após se mudar para Nova Iorque e estabelecer uma amizade com Woody Guthrie, Dylan se tornou um espelho de sua época e uma projeção para as gerações futuras, recebendo prêmios como o Oscar e o Nobel de Literatura por ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição americana da canção.
Dylan, com sua expressão poética peculiar, enfatizou a mudança dos tempos, convocando todos a reconhecerem e, se assim desejarem, a se manifestarem. Esta melodia é um estímulo vigoroso para a juventude se erguer e agir, ao mesmo tempo que serve de aviso à geração mais velha para se adaptar e aceitar a inevitável mudança. A canção é um chamado à ação, um alerta para a adaptação, uma sinfonia da mudança.
Ele se tornou mais do que um cantor e compositor, sendo retratado em várias facetas no filme de 2007, Não estou lá.
Em uma entrevista coletiva em Londres, Dylan desafiou os compositores que se concentram apenas em politizar suas ações. Ele optou por fazer música tradicional, criando canções atemporais, ao contrário das composições políticas, que para ele já nascem mortas. Isso é uma grande contradição para um cantor associado à música folk, que afirmou que "todos sabem que eu não sou um artista folk", pois as suas melodias são um testemunho do poder da arte para capturar a essência de uma época, para desafiar o status quo e para inspirar gerações futuras. Um verdadeiro mensageiro do tempo, cuja música continua a ressoar, a desafiar e a inspirar. Bob Dylan não é apenas um artista, mas um ícone cultural, cuja influência se estende além da música e permeia a própria fibra, especialmente de quem hoje os ignora, que no passado levantavam as bandeiras políticas que agora estão no poder.
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